As eleições presidenciais na Venezuela foram adiadas de 22 de abril
para a segunda quinzena de maio, anunciou nesta quinta-feira o Conselho
Nacional Eleitoral (CNE).
"Foi proposto que sejam realizadas de maneira simultânea as eleições
para presidente e as regionais na segunda quinzena do mês de maio de
2018", segundo um acordo entre o governo e opositor Henri Falcón, aceito
pelo CNE.
Na terça-feira (27), o presidente Nicolás Maduro inscreveu sua candidatura à reeleição.
Maduro, ex-motorista de ônibus de 55 anos, tem quase garantida a
reeleição, apesar de seu governo ser reprovado por 75% dos venezuelanos,
segundo pesquisa Datanálisis, em razão da grave crise econômica no
país, asfixiado pela escassez de alimentos e remédios, e pela
hiperinflação.
Sua maior rival, a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) - cujos
líderes Henrique Capriles e Leopoldo López estão proibidos de de
disputar e exercer cargo político -, convocou o boicote às eleições, por
considerá-las um "show fraudulento" sem garantias de imparcialidade.
"São eleições de fachada, um mero ato político para a aclamação de
Maduro por seus seguidores", declarou à AFP o cientista político Luis
Salamanca.
'Comparsas'
Logo atrás aparece o ex-governador dissidente do chavismo Henri Falcón,
um militar aposentado de 56 anos, postulado por dois partidos
minoritários. Dois outros, quase desconhecidos, são o pastor evangélico
Javier Bertucci e Reinaldo Quijada, um chavista que se distanciou do
oficialismo.
"Eles podem ser vistos como comparsas, que dão a Maduro a desculpa para
dizer que tem concorrentes, mas, sem a MUD, nenhum deles têm chances",
acrescentou Salamanca.
De acordo com o Instituto Venezuelano de Análise de Dados, Falcón
possui 23,6% das intenções de voto, em comparação com 17,6% de Maduro.
Mas a oposição está longe de ser um perigo real devido à máquina
chavista e ao vasto controle institucional e social do governo, estimam
os analistas.
"Falcón sozinho não representa essa fachada que o governo precisa
apresentar para o mundo" para legitimar o voto, disse à AFP Felix
Seijas, diretor da empresa de pesquisas Delphos.
Em outubro passado, o ex-governador fracassou em sua tentativa de ser
reeleito no estado de Lara e gera desconfiança entre os opositores por
seu passado chavista.
Por France Presse
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