Dois
Estados, a única solução para acabar com o conflito
israelense-palestino: mais de 70 países vão reafirmar solenemente esse
compromisso neste domingo (15) em Paris, cinco dias antes da posse de
Donald Trump, cujas posições sobre o assunto preocupam muitos dos
envolvidos no dossiê.
Ridicularizada por Israel, que denunciou uma "farsa", a conferência faz
parte de uma iniciativa francesa lançada há um ano para mobilizar a
comunidade internacional em torno de um dos conflitos mais antigos do
mundo e encorajar israelenses e palestinos a retomar o diálogo.
A colonização israelense nos territórios palestinos, os atentados
palestinos em Israel, frustrações, radicalização do discurso,
negociações completamente paralisadas há dois anos... "A cada dia que
passa, nos distanciamos ainda mais das perspectivas de uma resolução do
conflito", escreveu Ayrault.
A conferência de domingo, que vai reunir uns 75 países e organizações
internacionais (a primeira reunião reuniu 30 países em 3 de junho), não
levará a qualquer anúncio concreto, mas a um comunicado que recordará os
textos internacionais de referência sobre o conflito
israelense-palestino e os princípios aceitos pela comunidade
internacional em quase 70 anos.
"Parece ser importante, no contexto atual, que 70 países reafirmem que a
solução de dois Estados é a única possível. É tão simples quanto isso,
não é mais do que isso. Precisamos que esta posição seja gravada e
defendida neste período de incerteza", explicou um diplomata francês.
'Sinais negativos'
A conferência de Paris ganha em simbolismo por ser organizada cinco
dias antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald
Trump, cuja imprevisibilidade preocupa os diplomatas que trabalham nesta
questão explosiva.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ressaltou na
quinta-feira (12) que a conferência de Paris era "uma sacudida final do
passado, antes do advento do futuro", ilustrando como a direita de
Israel aposta no futuro presidente americano.
Porque, enquanto Washington sempre se manteve aliado de Israel, Trump
se mostrou, até o momento, muito mais favorável aos interesses
israelenses.
Desta forma, durante a campanha eleitoral, prometeu reconhecer
Jerusalém como capital de Israel e mudar a embaixada americana de Tel
Aviv para Jerusalém.
Assim, romperia com a histórica política dos Estados Unidos e de grande
parte da comunidade internacional, para quem o status de Jerusalém,
também reivindicado pelos palestinos como capital de seu futuro Estado,
deve ser resolvido através de negociações.
"Seria uma decisão unilateral que poderia reviver tensões no terreno",
afirmou, temeroso, o diplomata francês, ressaltando a incerteza em torno
dos anúncios e posições do futuro presidente americano.
"Esperamos febrilmente o tuíte que vai anunciar a decisão de transferir
a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém", brincou.
Outra preocupação entre os palestinos, favoráveis à internacionalização
do conflito. "Todos os sinais são negativos" nos posicionamentos do
futuro presidente dos Estados Unidos sobre o conflito, disse
recentemente um membro da liderança palestina, Mohammed Shtayyeh.
A conferência de Paris parece ser o último ato de uma série de
compromissos em favor de um processo de paz baseado na solução de dois
Estados antes do salto no desconhecido que representa o futuro governo
dos Estados Unidos.
Um mês antes de sua saída da Casa Branca, a administração Obama
surpreendeu sobre a questão ao se abster sobre uma resolução no Conselho
de Segurança da ONU condenando os assentamentos israelenses - para
desgosto do presidente eleito Trump que pediu o veto de Washington.
Alguns dias mais tarde, em um discurso na forma de testamento político,
o secretário de Estado americano, John Kerry, que estará em Paris no
domingo, denunciou novamente a colonização e reiterou os parâmetros de
referência para a solução do conflito.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, é
esperado no final do dia em Paris, enquanto o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, considera a reunião uma "imposição".
O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, é o
encarregado de abrir a conferência na qual está previsto que discurse o
presidente francês, François Hollande.
A conferência de Paris conta com representantes dos cinco membros
perma
nentes do Conselho de Segurança da ONU, entre eles, o secretário de
Estado americano, John Kerry.
* Com informações da AFP e Efe
* Com informações da AFP e Efe
Por G!
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