Antes de curtir os sons presentes este post, nós precisamos trazer duas verdades:
- O rock nacional deveria ser considerado patrimônio imaterial da cultura brasileira.
- O rock não está em crise… o rock é a crise.
Dito isso, também devemos comentar que todo mundo já sabe da relevância que Mutantes, Raul, Legião (e várias outras bandas dos anos 80), Charlie Brown, Pitty,
entre outros artistas, têm no pop rock nacional. Por isso, celebrar
essas obras neste próximo dia mundial do rock, de certa forma, é meio
que fazer “mais do mesmo”. Como entendemos que o fator renovação é
fundamental para a sobrevivência de qualquer tipo de música, o texto de
hoje é dedicado às bandas novas.
Alerta de spoiler:
- infelizmente, muita gente que gostaríamos de citar ficaram de fora. Desde já, pedimos desculpas aos fãs e artistas que não marcaram presença no texto. Sabe como é, né… a cena é rica demais e, por questões óbvias, não cabe todo mundo num mesmo post.
- não limitamos o conteúdo em um único subgênero do rock. Logo, você vai ouvir artistas de várias vertentes.
- Evitamos citar a galera da nova geração (Scalene, Supercombo, entre outras) que tem mais espaço na grande mídia.
Agora,
finalmente chegou a hora de celebrarmos 5 bandas que continuam
mostrando a força do rock brasileiro. Prepare aí seus fones de ouvido,
abra sua mente e tenha ótimas experiências sensoriais!
Molho Negro – A garra de um power trio
Surgido no ano de 2012, em Belém (PA), Molho Negro é um power trio formado por João Lemos (guitarra/voz), Augusto Júnior (bateria/voz) e Raony Pinheiro (baixo).
O som tem uma pegada intensa, com riffs viscerais e uma atmosfera bem
rocker. Por suas vezes, as letras não perdem nem um tom na hora de fazer
críticas com ironia, sarcasmo e refrões grudentos.
Trata-se de uma galera que faz música para quem gosta de chegar em
casa tarde e não dá a mínima para as manifestações gratuitas de fofurice
que desbravam o terceiro mundo digital.
Bastante produtiva, essa
que é a trinca mais rock and roll do Brasil já lançou 6 discos –
incluindo dois projetos ao vivo. Atualmente, os caras trabalham na
divulgação do single Contracheque. Dê o play e confira
essa maravilhosa música que celebra amizade, lealdade e cumplicidade.
Afinal de contas: “amigo é amigo, ‘fdp’ é ‘fdp’”!
Project46 – A fúria metal
Escalada pelos músicos Vini Castellari (guitarra), Jean Patton (guitarra), Caio MacBeserra (voz), Baffo Neto (baixo) e Betto Cardoso (bateria), a banda paulistana Project46
tem pouco mais de 10 anos de estrada. Desde sempre atuando de forma
independente, o quinteto é um dos responsáveis por manter a alta
qualidade do heavy metal no Brasil.
O som tem tudo que uma banda
de metal precisa: punch, guitarras cortantes, riffs sombrios e batida
hipnotizante. Diferente de boa parte de seus colegas de cena, no
entanto, o Project46 opta por cantar letras em português. As canções abordam temas sérios, existenciais e bem mais densos.
Se você ainda acha que a turma da camisa preta vive mergulhada no
ocultismo e só pensa em questões sobrenaturais, o som desses caras é um
convite para rever conceitos. A música Rédeas, por
exemplo, lida com a questão de encarar os desafios da vida adulta com
personalidade e coragem. Ser gente grande não é difícil, cara! Basta não
deixar o “Complexo de Peter Pan” emoldurar a sua personalidade.
Young Lights – Mineiros, maneiros e inovadores
Sediada em Belo Horizonte (MG), a Young Lights surgiu por meio das mãos, talentos e inspirações de Jairo “Jay” Horsth Paes (voz), mineiro de berço, mas criado em Massachusetts (EUA). De volta ao Brasil no final de 2010, quando tinha 19 anos, Jay transformou o rolê individual em uma banda, que atualmente conta com João Pesce (baixo), Bruno Mendes (bateria) e Matheus Fleming (guitarra).
O fato de cantar em inglês não tira pontos da YL,
uma vez que seu vocalista e principal compositor morou muito tempo na
gringa. Em pleno século XXI, não podemos dar brechas para qualquer tipo
de picuinhas e barreiras idiomáticas.
O som é folk rock, mas com
variados e saborosos temperos que vão do pós-punk, passam pelo rock
inglês e dialogam com a magia etérea do indie. Caracterizadas por uma
poesia contemplativa, as letras abordam questões cotidianas,
relacionamentos e devaneios que todo jovem tem em mente. No final das
contas, esses mineiros maneiros fazem um som autêntico, inovador e nem
de longe estão interessados em descansar nas costas dos demais talentos
naturais das Minas Gerais.
Sound Bullet – Rock do Rio
Formada por Guilherme (voz/guitarra), Fred (baixo/vocal), Henrique (synth/guitarra), Rodrigo Tak-Ming (guitarra) e Pedro (bateria), a Sound Bullet
vem do Rio de Janeiro e está na estrada desde 2009. A banda faz um
indie rock dançante, com influências que vão do post-punk revival e rock
alternativo ao math rock.
Investindo numa sonoridade guiada por guitarras pulsantes, uma
cozinha enérgica e um vocal bem expressivo, a banda já lançou o EP Ninguém Está Sozinho (2013), alguns singles e o CD Terreno (2017). Em 2018, eles venceram a 3ª edição do EDP Live Bands, um concurso de música independente que leva o vencedor para fazer um som na Europa.
Com bastante personalidade artística e honestidade musical, a Sound Bullet deixa bem claro que o Rio de Janeiro pode ser berço do samba, do funk, da bossa e, também, desse tal de “roque enrow”.
Zimbra – A chama do pop rock
A Zimbra é formada por Rafael Costa (voz), Vitor Fernandes (guitarra), Guilherme Goes (baixo) e Pedro Furtado (bateria).
A banda é natural de Santos (SP) e tem quase 9 anos de carreira. São
três CDs completos, dois EPs, singles, clipes e diversas apresentações
por todo o país.
Fazendo uma sonoridade com que é ora pop, ora alternativo, esses
caras entregam músicas que são ótimas para qualquer ocasião. As letras
buscam apresentar diferentes perspectivas acerca de questões
sentimentais, românticas e dos relacionamentos. O som é bem calibrado e,
em todo instante, deixa claro que o quarteto tem os pés no presente,
mas respeita bastante o passado. Por essas e outras, a banda entrega um
som que resgata o que há de melhor no pop e mantém viva essa impagável
chama.
O trabalho mais recente é o disco Verniz, cujo single Me Mude deveria estar tocando nas melhores rádios de rock no Brasil.
E aí, amigo leitor? O que achou das bandas reunidas neste texto? Conta
pra gente nos comentários! Ah, e contamos com você para espalhar o link
deste post aí nas suas redes sociais. Com seu help, vamos deixar bem
claro que o rock brasileiro segue vivo, desafiador, ousado e inovador!
Fonte: Clifraclucnews




