Um estudo feito com mais de 67 mil profissionais de saúde de Manaus aponta que a vacina CoronaVac tem 50% de eficácia contra P.1, variante brasileira do coronavírus identificada pela primeira vez na capital do Amazonas.
O estudo é realizado pelo grupo Vebra Covid-19, que envolve pesquisadores de instituições nacionais e internacionais e servidores da secretaria de saúde do estado do Amazonas e de São Paulo e das secretárias da saúde nos municípios de Manaus e São Paulo. Eles também têm apoio da Organização Panamericana de Saúde (Opas).
Segundo o médico infectologista Julio Croda, responsável pelos trabalhos, foi constatado que a vacina mantém contra a P.1 o mesmo nível de eficácia apontado nos ensaios clínicos.
“É uma tranquilidade. Enquanto a gente tiver a P.1 como variante predominante, o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais podem continuar administrando a vacina porque ela vai trazer algum impacto do ponto de vista do controle da doença”, defende.
Metodologia
Ainda de acordo com Croda, foi analisado o impacto do imunizante nos profissionais que tiveram diagnóstico confirmado de Covid, com base nos dados da Secretaria Municipal da Saúde de Manaus.
“A gente verificou quem desses [profissionais] tinha tido a doença e foi checar se ele tomou a vacina. E a partir desses dados a gente conseguiu calcular a efetividade da vacina, que é a eficácia na vida real, no mundo real”, explica.
Os dados relativos à efetividade completa, com as duas doses, ainda estão sendo coletados. Além do estudo em trabalhadores de saúde em Manaus, o grupo vai avaliar a efetividade da CoronaVac e da vacina da Astrazeneca em Idosos nas cidades de Manaus, Campo Grande, São Paulo e no estado de São Paulo.
“Nesse momento, o dado é preliminar e com uma dose o nível de efetividade foi de 50%. Importante ressaltar que Manaus tem muitos profissionais com infecção prévia. E por isso que talvez a efetividade da vacina com duas doses, que a gente vai estar acompanhando ainda isso, pode ser muito maior do que 50%”, avalia.
Variantes no Brasil
A eficácia da Coronavac contra as variantes do coronavírus já era defendida pelo governo paulista desde o início do mês passado.
Em coletiva no dia 3 de março, o governador João Doria e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmaram que um estudo preliminar feito em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o imunizante é eficaz contra as três principais variantes do Sars-Cov-2 que circulam no país.
Entretanto, na ocasião, a gestão estadual não apresentou detalhes da pesquisa científica.
Nesta quarta-feira (6), a variante sul-africana do coronavírus foi identificada pela primeira vez no Brasil em uma amostra coletada em Sorocaba (SP).
De acordo com cientistas, ela é mais transmissível e tem maior capacidade de fugir do sistema imune das pessoas infectadas.
O caso foi identificado no dia 31 de março e, desde então, já havia a suspeita de que poderia se tratar da cepa sul-africana.
A descoberta foi feita por um grupo de pesquisadores, coordenada pelo Instituto Butantan e com participação da Universidade de São Paulo (USP) e outras instituições de pesquisa.
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