Quando participou do programa, na Escola Maria Neuly Dourado, Maria Clara tinha apenas nove anos. Segundo a mãe dela, Marilia Michelli Costa, foi um jogo de tabuleiro que despertou o interesse dela pelo tema. “Primeiro, ela chegou falando sobre o jogo, dizendo que ele era super legal e que precisava economizar para conseguir chegar no final desse jogo. A partir disso, já comecei a perceber o comportamento dela de perguntar o preço das coisas e de fazer a relação de ser caro demais ou de estar dentro do que a gente poderia pagar”, explicou.
Ainda conforme Marilia, outros comportamentos de Maria Clara chamaram a atenção da família. “Certa vez, a escola levou os alunos para o cinema, inclusive utilizando o valor que eles conseguiram arrecadar com a feirinha realizada dentro do JEPP. Ela (Maria Clara) me disse que enquanto as amigas compraram um hambúrguer que custava o dobro do valor, porque tinha um brinquedo, ela saiu andando no shopping e encontrou um local onde comprou dois hambúrgueres, uma bebida e ainda trouxe o troco para casa”, recordou.
Conforme foi adquirindo os conhecimentos previstos pela metodologia do JEPP, que leva em consideração a faixa etária de cada turma, Maria Clara decidiu confeccionar as pulseiras. “Nessa mesma época, depois da implantação do JEPP na escola, a fala dela era: vou vender isso, posso vender isso mãe? Até que ela teve a ideia de pegar alguns retalhos de couro que sobravam do artesanato que o pai produz, disse que iria fazer pulseiras para vender, e assim fez, saiu vendendo na escola e na vizinhança”, relatou Marilia.
Ao falar sobre a experiência do JEPP, a própria Maria Clara relatou o que aprendeu. “Eu aprendi que para a gente ofertar um produto nós temos que ver se esse produto vale a pena ser ofertado e se vamos obter lucro suficiente para manter esse negócio vivo. Eu gostei muito de aprender empreendedorismo porque assim eu pude saber mais e pensar mais se valeria a pena gastar ou economizar dinheiro”, afirmou a estudante.
Para a analista técnica do Sebrae Paraíba, Fabíola Vieira, exemplos como o de Maria Clara demonstram na prática a missão da educação empreendedora, que é despertar o interesse da sociedade pelo tema, utilizando técnicas que articulam o fazer e o conhecimento.
“A educação empreendedora se propõe a construir alicerces e parcerias estratégicas. Nesse sentido, o principal esforço no processo educacional é o desenvolvimento de uma inteligência autônoma dos futuros profissionais, que se utilize de uma análise crítica da realidade social na qual o aluno está inserido, contribuindo para a prática do aprender a pensar, do desenvolvimento da tomada de decisão, da capacidade criativa e da livre iniciativa”, afirmou Fabíola Vieira.
Ainda falando sobre o assunto, a analista destacou que, diante do cenário de crise vivido pelo país, a educação empreendedora também tem a proposta de trazer um novo olhar e novas estratégias de interação com o ecossistema educacional, contribuindo para a superação dos desafios que a pandemia está impondo ao processo de ensino e aprendizagem.
“Diversos estudos apontam que a atitude empreendedora pode e deve ser desenvolvida nas mais distintas áreas da vida e, assim, gerar benefícios para o indivíduo e o seu meio social. Dessa forma, é na perspectiva do empreendedorismo que conceitos relacionados ao desenvolvimento inerente ao sujeito são abordados, com destaque para a ideia do empreendedor como um sujeito capaz de aperfeiçoar-se nas diversas esferas da vida, buscando a melhor versão de si mesmo”, acrescentou.
Por sua vez, a coordenadora da educação empreendedora e financeira em
Cabaceiras, Rosilene Nunes, destacou que as ações na área tiveram boa
receptividade entre os alunos, que conseguiram absorver e colocar em
prática as lições aprendidas. “Mesmo em casa, e apesar do surgimento da
pandemia e de todas essas dificuldades, o conhecimento que os alunos
aprenderam eles estão praticando”, pontuou. As informações são do Sebrae
Paraíba.
Fonte: pbagora
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