As negociações foram conduzidas pela BNDESPar, subsidiária de
participações acionárias do BNDES, e pela Votorantim S/A. As duas
empresas compartilham o controle da Fibria.
A fusão sela uma vitória da Suzano sobre a holandesa Paper Excellence, que chegou a fazer uma proposta para comprar a participação da BNDESPar na Fibria Celulose. A oferta formal avaliou a empresa brasileira em R$ 40 bilhões.
O negócio
Pelo acordo entre Fibria e Suzano, o BNDES receberá parte do pagamento
em dinheiro, cerca de R$ 8,5 bilhões, e parte em ações da companhia
resultante. O acordo, informa o banco de investimento, assegura ainda
que acionistas minoritários recebam dinheiro e ações nas mesmas
condições dos controladores.
O BNDESPar seguirá com participação de 11% na empresa,
posição que poderá ser vendida no futuro. Segundo o BNDES, a operação é
garantida por consórcio de bancos privados e sua conclusão está sujeita
à aprovação de agências antitruste.
Exigências
Segundo o BNDES, foram negociadas melhorias de governança, que incluem a
aprovação de uma política de indicação de conselheiros independentes.
A companhia resultante deverá, por contrato, manter, no mínimo, o mesmo
padrão de responsabilidade socioambiental em que as duas empresas já
eram referência.
Aracruz + Votorantim
O BNDES foi uma peça-chave para a criação da Fibria, empresa
que nasceu da fusão de Aracruz e Votorantim em 2009. O negócio foi
realizado para evitar que a Aracruz quebrasse após registrar perdas
significativas em operações com derivativos financeiros (hedge cambial).
A Votorantim já tentava comprar a Aracruz há um ano, mas também perdeu
dinheiro com derivativos e precisava do apoio do BNDES para conseguir
suportar o negócio.
Diversas grandes empresas brasileiras exportadoras perderam bilhões com
operações de derivativos cambiais em 2008. Como elas têm custos em real
e receitas em dólar, é normal que essas empresas façam hedge cambial
para proteger seus negócios de oscilações no câmbio. O problema foi que a
diretoria financeira dessas companhias permitiu que elas especulassem
com essas operações e assumissem posições acima do necessário.
Esses instrumentos financeiros têm seus preços de negociação baseados
na cotação futura de algum outro ativo (ações, câmbio ou juros), usado
como se fosse um seguro de preço. O objetivo desse tipo de transação é
proteger o investidor contra variações de taxas, moedas ou preços.
Disputa com a Paper Excellence
A Fibria era disputada também pela Paper Excellence, que chegou a
oferecer, em sua última oferta, R$ 71,50 por ação da empresa. O valor
significava um avança em relação à proposta de R$ 67, feita na
segunda-feira (12). A empresa é controlada pela família Wijaya, que
também é dona da Asia Pulp & Paper Company.
Se a oferta da Paper Excellence fosse aceita, a Fibria provavelmente
seria retirada da bolsa paulista. A oferta da Suzano, por sua vez,
garantia o fortalecimento do mercado de capitais, afirmou o BNDES.
Outra razão fundamental para os acionistas terem se inclinado para a
oferta da Suzano era a preocupação com a falta de financiamento firme
pela Paper Excellence, informaram à Reuters fontes familiarizadas com as
negociações.
O BNDES solicitou que a holandesa comprovasse como a oferta seria
financiada com documentos bancários. A empresa sugeriu pagar uma multa
de US$ 1,2 bilhão caso não obtivesse o financiamento, mas isso não
convenceu o banco.
*com informações da Reuters
No G1
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