Pessoas sem imunização contra a Covid-19 são maioria entre os hospitalizados com a doença na Paraíba. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) ao Portal T5, entre as 15.932 internações deste ano no estado, 13.762 pacientes não tinham recebido o imunizante contra o novo coronavírus, configurando o índice de 86,37% de não-vacinados em leitos de hospitais.
A campanha iniciada em 19 de janeiro vacinou até agora 95% da população adulta do estado com a primeira dose; 54% estão com o ciclo de imunização concluído. Em nove meses, as ações avançaram e aplicam atualmente a dose de reforço para idosos que completaram o esquema vacinal há seis meses.
Entre os quase 16 mil internados neste ano, 5.576 pessoas não resistiram aos efeitos da doença.
Não houve tempo
Francisco Carlos, 66 anos, morreu no dia 27 de fevereiro deste ano, pouco após um mês do início da vacinação contra a Covid-19 na Paraíba. Nesse período eram vacinados apenas profissionais de saúde e idosos acima dos 85 anos.
Desde o início da pandemia, o aposentado e a esposa permaneceram isolados sem contato com o novo coronavírus. Reclusos, eles iniciaram a confecção de máscaras para proteção da família, doações e vendas. Nesse período, mesmo com os cuidados, a doença tocou os dois.
Infectado pelo coronavírus, o aposentado passou por duas unidades de saúde em cinco dias, com atraso para o diagnóstico. “Na última mensagem trocada pelo WhatsApp, ele disse que estava um pouco pior, mas que havia se alimentado”, contou a viúva Cida Uchôa, que também teve sintomas graves da Covid-19.
Após a notícia da morte do marido, a idosa lamentou não poder ter dado adeus.
“Vivemos juntos por 40 anos e eu não pude me despedir. Isso é muito cruel para mim e também para muitas famílias que passaram pela mesma dor”
Com a presença de poucos parentes, Carlos foi enterrado e homenageado a distância pela companheira de vida. Nas redes sociais, uma foto e um texto desse momento foram compartilhados pela família.
“Essa foi a forma que minha sogra encontrou de se despedir do marido. Ela também está infectada com a covid-19, minha cunhada Rebeca também. Seu Carlos tinha uma forma muito carinhosa de chamá-la de “Filha”. E era bem assim que ele a tratava.
Esperava por ela pra comer, como um pai espera pela filha, praticamente todas as manhãs fazia o café da manhã, deixava mesa posta e fazia o mesmo na hora do almoço. Se ela tava doente ou com crise de fibromialgia, ele levava remédio na cama. E tantos outros gestos de amor ele promoveu em vida. Seu Carlos era puro cuidado e atenção, não só com ela, mas com todos que amava.”, escreveu Thamyres Máximo, nora de Carlos.
A professora que continua costurando máscaras persiste com os cuidados contra o novo coronavírus. Vacinada, ela espera o intervalo de seis meses para receber a dose de reforço. “Continuo me cuidando, pois a vacina não é milagre. Eu evito locais públicos cheios e só frequento a casa da minha família”, contou.
Portal T5
0 Comentários